Características
As áreas de domínio (área cuja vegetação clímax era esta formação vegetal) abrangia total ou parcialmente dezessete estados, conforme mostrado na tabela ao lado.
A área original era 1.290.692,46 km², 15% do território brasileiro. Atualmente o remanescente é 95.000 km², 7,3% da área original.
Ecossistemas do Bioma da Mata Atlântica
Definidas pelo
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em
1992:
A proteção do
CONAMA se estende não só à mata primária, mas também aos estágios
sucessionais em áreas degradadas que se encontram em recuperação. A mata secundária é
O descobrimento e a exploração da Mata Atlântica
Logo em seguida ao
descobrimento, grande parte da vegetação da Mata Atlântica foi destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O
pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região e hoje está quase extinto. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi feito em
1502, o que levou o
Brasil a ser conhecido como "Terra Brasilis", ligando o nome do país à exploração dessa madeira avermelhada como brasa. Outras madeiras de valor também foram exploradas até a beira da extinção: tapinhoã,
sucupira,
canela,
canjarana,
jacarandá,
araribá,
pequi, jenipaparana,
peroba, urucurana e
vinhático.
Os relatos antigos falam de uma floresta densa aparentemente intocada, apesar de habitada por vários povos indígenas com populações numerosas. A Mata Atlântica fez parte da inspiração
utópica para o renascimento do
mito do paraíso terrestre, em obras como as de
Tommaso Campanella e
Bacon.
No
nordeste brasileiro a extinção foi total, o que agravou as condições de sobrevivência da população, causando
fome,
miséria e
êxodo rural só comparados às regiões mais pobres do mundo. Nesta região, seguindo a derrubada da mata, vieram as plantações de
cana-de-açúcar mais ao sul na
região sudeste, foi a cultura do café a principal responsável pela destruição total da vegetação nativa, restando uma área muito pequena para a preservação de espécies que estão em risco devido a
poluição ambiental ocasionada pela emissão industrial de agentes nocivos à sua sobrevivência como por exemplo no município de Cubatão S.P.; mais ao sul na
região sul a exploração predatória da Mata Atlântica devastou o ecossistema da Floresta das Araucárias devido ao valor comercial da madeira pinho extraída da
Pinheiro-do-paraná.
Além da exploração predatória dos recursos florestais, houve também um significativo comércio de exportação de couros e peles de
onças (que chegou ao preço de um boi),
antas,
cobras,
capivaras,
cotias,
lontras,
jacarés,
jaguatiricas,
pacas,
veados e outros animais, de penas e plumas e carapaças de
tartarugas.
Ao longo da história, personagens como
José Bonifácio de Andrada e Silva,
Joaquim Nabuco e
Euclides da Cunha protestaram contra esse modelo predatório de exploração.
Hoje, praticamente 90% da Mata Atlântica em toda a extensão territorial brasileira está totalmente destruída. Do que restou, acredita-se que 75% está sob risco de extinção total, necessitando de atitudes urgentes de órgãos mundiais de
preservação ambiental às espécies que estão sendo eliminadas da
natureza de forma acelerada. Os remanescentes da Mata Atlântica situam-se principalmente nas
Serras do Mar e da
Mantiqueira, de relevo acidentado.
Exemplos claros da destruição da mata são a
Ilha Grande, Serra da Bocaina e muitas regiões do estado do
Rio de Janeiro.
Entre
1990 e
1995, cerca de 500.317
ha foram desmatados. É a segunda floresta mais ameaçada de
extinção do mundo. Este ritmo de desmatamento é 2,5 vezes superior ao encontrado na
Amazônia no mesmo período.
Em relação à exuberância do passado, poucas espécies sobreviveram à destruição intensiva. Elas se encontram nos estados do Rio de Janeiro,
Minas Gerais,
São Paulo e
Paraná, sendo que existe a ameaça constante da poluição e da especulação imobiliária.
A biodiversidade
Rã-bugio (
Physalaemus olfersi), espécie de rãzinha, uma das riquezas da biodiversidade da Mata Atlântica.
Nas regiões onde ainda existe, a Mata Atlântica caracteriza-se pela vegetação exuberante, com acentuado
higrofitismo. Entre as espécies mais comuns encontram-se algumas
briófitas,
cipós, e
orquídeas.
A
fauna endêmica é formada principalmente por
anfíbios (grande variedade de
anuros), mamíferos e aves das mais diversas espécies. É uma das áreas mais sujeitas a precipitação no Brasil. As chuvas são
orográficas, em função das elevações do
planalto e das
serras.
A
biodiversidade da Mata Atlântica é semelhante à biodiversidade da
Amazônia. Há subdivisões do bioma da Mata Atlântica em diversos ecossistemas devido a variações de latitude e altitude. Há ainda formações pioneiras, seja por condições climáticas, seja por recuperação, zonas de campos de altitude e enclaves de tensão por contato. A interface com estas áreas cria condições particulares de fauna e
flora.
A exuberância da biodiversidade.
A vida é mais intensa no
estrato alto, nas copas das árvores, que se tocam, formando uma camada contínua. Algumas podem chegar a 60 m de altura. Esta cobertura forma uma região de sombra que cria o
microclima típico da mata, sempre úmido e sombreado. Dessa forma, há uma estratificação da vegetação, criando diferentes
habitats nos quais a diversificada
fauna vive. Conforme a abordagem, encontram-se de seis a onze estratos na Mata Atlântica, em camadas sobrepostas.
Da
flora, 55% das espécies arbóreas e 40% das não-arbóreas são
endêmicas ou seja só existem na Mata Atlântica. Das
bromélias, 70% são endêmicas dessa formação vegetal,
palmeiras, 64%. Estima-se que 8 mil espécies vegetais sejam endêmicas da Mata Atlântica.
Observa-se também que 39% dos
mamíferos dessa floresta são endêmicos, inclusive mais de 15% dos
primatas, como o
Mico-leão-dourado. Das aves 160 espécies, e dos
anfíbios 183, são endêmicas da Mata Atlântica.
Flora
Se você fizer uma viagem do nordeste ao sul do
Brasil, pelo litoral e pelos planaltos interioranos, não irá admirar simplesmente a bela paisagem da Mata Atlântica, mas sim uma série de ecossistemas com características próprias como a
Ombrófila Densa,
Ombrófila Mista,
Estacional Semidecidual, Estacional Decidual, além de
ecossistemas associados como os
campos de altitude,
brejos interioranos,
manguezais,
restingas e ilhas oceânicas no litoral.
Tal variedade se explica pois, em toda sua extensão, a Mata Atlântica é composta por uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos se interligam, acompanhando as características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano. Isso abre caminho para o trânsito de animais, o
fluxo gênico das espécies e as áreas de tensão ecológica, onde os ecossistemas se encontram e se transformam.
É fácil entender, portanto, porque a Mata Atlântica apresenta estruturas e composições florísticas tão diferenciadas. Uma das florestas mais ricas em
biodiversidade no Planeta, a Mata Atlântica detém o recorde de plantas lenhosas (
angiospermas) por hectare (450 espécies no Sul da
Bahia), cerca de 20 mil espécies vegetais, sendo 8 mil delas
endêmicas, além de recordes de quantidade de espécies e endemismo em vários outros grupos de plantas. Para se ter uma ideia do que isso representa, em toda a
América do Norte são estimadas 17.000 espécies existentes, na
Europa cerca de 12.500 e, na
África, entre 40.000 e 45.000.
Mas a Mata Atlântica encontra-se em um estado de intensa fragmentação e destruição, iniciada com a exploração do
pau-brasil no século XVI. Até hoje, ao longo do
bioma são exploradas inúmeras espécies florestais madeireiras e não madeireiras como o
caju, o palmito-juçara, a
erva-mate, as plantas medicinais e ornamentais, a
piaçava, os
cipós, entre outras. Se por um lado essa atividade gera emprego e divisas para a
economia, grande parte da exploração da
flora atlântica acontece de forma predatória e ilegal, estando muitas vezes associada ao tráfico internacional de espécies.
Contribuem ainda para o alto grau de destruição da Mata Atlântica, hoje reduzida a 7% de sua configuração original, a expansão da indústria, da agricultura, do turismo e da urbanização de modo não sustentável, causando a supressão da
biodiversidade em vastas áreas, com a possível perda de espécies conhecidas e ainda não conhecidas pela
ciência, influindo na quantidade e qualidade da água de rios e
mananciais, diminuindo a fertilidade do solo, bem como afetando características do
microclima nesses delicados ecossistemas e contribuindo com o problema do
aquecimento global. Os números impressionantes da destruição do bioma demonstram a deficiência das políticas de conservação ambiental no país e a precariedade do sistema de fiscalização dos órgãos públicos.
A busca de um contexto de desmatamento zero no bioma passa pela adoção de critérios de
sustentabilidade em todas as atividades humanas. Isso significa um esforço coletivo da indústria, do comércio, da agricultura e do setor energético na adoção de novos modelos de produção, menos agressivos ao
meio ambiente, bem como do poder público, no sentido de garantir a fiscalização
ambiental e a elaboração e cumprimento das leis, e finalmente a conscientização dos cidadãos em geral acerca da necessidade de se fazer o reflorestamento utilizando mudas principalmente de espécies endêmicas e nativas que ainda não foram extintas, exigindo padrões de sustentabilidade enquanto consumidores, cobrando os governantes e se mobilizando pela manutenção da floresta de pé e pela recuperação das áreas degradadas. Além disso, a Mata Atlântica oferece outras possibilidades de atividades econômicas, que não implicam na destruição do meio ambiente e em alguns casos podem gerar renda para as comunidades locais e tradicionais. Alguns exemplos são o uso de plantas para se produzir remédios,
matérias-primas para a produção de vestimentas, corantes, essências de perfumes; insumos para a indústria alimentícia ou ainda a exploração de árvores por meio do corte seletivo para a produção de móveis certificados, o chamado manejo sustentável, o
ecoturismo e mais recentemente o mercado de carbono.
- Principais exemplos vegetais: Pau-Brasil, cedro, canela, ipê, jacarandá , jatobá, jequitibá, palmeira, epífitas (orquídeas e outros), cipós etc.
Fauna
Mico-Leão-Dourado,
onça-pintada,
bicho-preguiça,
capivara. Estes são alguns dos mais conhecidos animais que vivem na Mata Atlântica. Mas a
fauna do
bioma onde estão as principais cidades brasileiras é bem mais abrangente do que nossa memória pode conceber. São, por exemplo, 261 espécies conhecidas de
mamíferos. Isto significa que, se acrescentássemos à nossa lista inicial o
tamanduá-bandeira, o
tatu-peludo , a
jaguatirica, e o
cachorro-do-mato, ainda faltariam 252 mamíferos para completar o total de espécies dessa classe na Mata Atlântica.
O mesmo acontece com os
pássaros,
répteis,
anfíbios e
peixes. A
garça, o
tiê-sangue, o
tucano, as
araras, os
beija-flores e
periquitos. A
jararaca, o
jacaré-do-papo-amarelo, a
cobra-coral, o
sapo-cururu, a perereca-verde e a rã-de-vidro. Ou peixes conhecidos como o
dourado, o
pacu e a
traíra. Esses nomes já são um bom começo, mas ainda estão longe de representar as 1020 espécies de pássaros, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 de peixes que são conhecidos até hoje no bioma. Sem falar de
insetos e demais
invertebrados e das espécies que ainda nem foram descobertas pela ciência e que podem estar escondidas bem naquele trecho intacto de floresta que você admira quando vai para o litoral.
Outro número impressionante da fauna da Mata Atlântica se refere ao
endemismo, ou seja, as espécies que só existem em ambientes específicos dentro desse bioma. Das 1711 espécies de
vertebrados que vivem ali, 700 são endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de
aves, 60 de répteis, 90 de anfíbios e 133 de peixes. Os números impressionantes são um dos indicadores desse bioma como o de maior
biodiversidade na face da Terra.
A grande riqueza da biodiversidade na Mata Atlântica também é responsável por surpresas, como as descobertas de novas espécies de animais. Recentemente, foram catalogadas a rã-de-alcatráses e a rã-cachoeira, os pássaros tapaculo-ferrerinho e
bicudinho-do-brejo, os peixes
Listrura boticário e o
Moenkhausia bonita, e até um novo primata, o mico-leão-da-cara-preta, entre outros habitantes.
Num bioma reduzido a cerca de 7% de sua cobertura original é inevitável que a diversidade faunística esteja pressionada pelas atividades humanas. A Mata Atlântica abriga hoje 383 dos 633 animais ameaçados de
extinção no
Brasil, de acordo com o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Causas para o desaparecimento de espécies e indivíduos são a caça e a pesca predatórias, a introdução de seres exóticos aos
ecossistemas da Mata Atlântica, mas principalmente a deterioração ou supressão dos
hábitats dos animais, causados pela expansão da agricultura e pecuária, bem como pela urbanização e implementação mal planejada de obras de infra-estrutura.
No caso dos anfíbios, por exemplo, seus locais de procriação, como brejos e áreas alagadas, são muitas vezes considerados um empecilho e são eliminadas do meio ambiente através de práticas de
drenagem ou então esses locais são até utilizadas para despejo de esgoto. Os anfíbios são animais de extrema importância para o equilíbrio das populações das espécies que se relacionam nas
teias alimentares, pois controlam a população de
insetos e outros
invertebrados e servem de comida para
répteis, aves e mamíferos.
A proteção da fauna e da
flora está diretamente relacionada à proteção do meio ambiente onde essas espécies convivem, se relacionam e sobrevivem. Em paralelo, outras medidas importantes são a fiscalização da caça, da posse de animais em cativeiro, do comércio ilegal de espécies silvestres; fiscalização efetiva da atividade pesqueira; e realização de programas de educação ambiental junto à população visando a conscientização da população humana, acerca da necessidade de preservar o meio ambiente estabelecendo limites para a ocupação do solo e incrementando a formação de novas áreas de preservação ambiental em todos os municípios situados dentro desse delicado bioma da Mata Atlântica.
No que se refere à legislação, a proteção da fauna está prevista em nível federal na
Constituição pela Lei 5.197/67 e também pela Lei de Crimes Ambientais (9.605/98). Iniciativas de caráter global com desdobramentos de ação regional e local, como a
Agenda 21, também são um instrumento de apoio para a proteção da fauna. Mas todos esses elementos dependem da vontade política dos governantes, da conscientização, mobilização e participação dos cidadãos e divulgação do conceito de
sustentabilidade nas atividades econômicas.
- Principais exemplos de fauna: macacos, preguiças, onças, jaguatiricas, papagaios, araras, tucanos, cobras, cachorros-do-mato, porcos-do-mato, lagartos, grande diversidade de pássaros e insetos etc.
Água
As regiões da Mata Atlântica têm alto índice pluviométrico devido às
chuvas de encosta causadas pelas
montanhas que barram a passagem das nuvens.
É comum pensarmos na complexidade de um
bioma por aspectos de sua
fauna e
flora, mas um elemento fundamental para a existência da
biodiversidade é a água. E se a água é essencial para dar vida a um bioma como a Mata Atlântica, suas florestas têm um papel vital para a manutenção dos processos hidrológicos que garantem a qualidade e volume dos cursos d'água. Além disso, as atividades humanas desenvolvidas dentro do bioma também dependem da água para a manutenção da agricultura, da pesca, da indústria, do comércio, do turismo, da geração de energia, das atividades recreativas e de saneamento.
Atualmente, um conceito-chave para se estudar a relação entre a água, a biodiversidade e as atividades humanas é o da
bacia hidrográfica, ou seja, o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. Na Mata Atlântica estão localizadas sete das nove grandes bacias hidrográficas do
Brasil, alimentadas pelos rios
São Francisco,
Paraíba do Sul,
Doce,
Ribeira de Iguape e
Paraná. As florestas asseguram a quantidade e qualidade da água potável que abastece mais de 110 milhões de brasileiros em aproximadamente 3,4 mil municípios inseridos no bioma.
Mas o fato de 70% da população brasileira estar concentrada em regiões de domínio da Mata Atlântica resulta em grande pressão sobre a biodiversidade e os recursos hídricos do bioma, que já enfrenta em diversas regiões problemas de crise hídrica, associados à escassez, ao desperdício, à má utilização da água, ao
desmatamento e à poluição.
Em relação à escassez, as causas envolvem o aumento do consumo que acompanha o
crescimento populacional, o desmatamento e a poluição, associados ao desenvolvimento desordenado das cidades e a impactos das atividades econômicas, além do desperdício e da falta de políticas públicas que estimulem o uso sustentável, a participação da sociedade na gestão dos recursos hídricos e a educação ambiental.
Quanto ao desperdício, estima-se que no Brasil o índice de perda chegue a 70%, sendo que 78% de toda a água consumida é utilizada no ambiente doméstico. Associado ao desperdício também está o mau uso dos recursos hídricos, como no caso de técnicas ultrapassadas para
irrigação na agricultura e para o uso na indústria e a opção ainda tímida pelo reuso da água.
Finalmente, destaca-se o desmatamento como fator agravante da crise hídrica, já que a supressão da vegetação, principalmente em áreas de mata ciliar, acarreta no
assoreamento dos cursos d'água e até desaparecimento de
mananciais. Como se não bastasse, a poluição por esgoto, lixo e
agrotóxicos afeta a vida dos rios, podendo levá-los à morte e tornando a água imprópria para uso.
Em busca de maneiras de se gerir mais eficientemente a água e promover a
preservação ambiental, o conceito das bacias hidrográficas vem sendo trazido, desde a
década de 1970, para a esfera governamental e também para estratégias de conscientização, mobilização e participação pública. A ideia central dessa abordagem é que todo desenvolvimento de regiões urbanizadas e rurais é definido de acordo com a disponibilidade de
água doce, em termos de quantidade e qualidade. Também faz parte desse pensamento o entendimento dos recursos hídricos de modo interligado e interdependente, ou seja, uma ação realizada em determinada região de uma bacia pode afetar outra região, como é o caso de lançamento de esgoto em rios, a contaminação por agrotóxicos, obras de infra-estrutura etc.
O processo político decorrente dessa visão sobre a água resultou entre outros desdobramentos na criação da Lei 9.433/97, que estabelece a bacia hidrográfica como unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Faz parte do sistema, uma rede de colegiados deliberativos em nível federal e estadual, que são os chamados Comitês de Bacias Hidrográficas.
Os comitês representam a base da gestão participativa e integrada dos recursos hídricos e são compostos por integrantes do Poder Público, da
sociedade civil e de usuários de água. Além disso, os comitês permitem o levantamento mais preciso e a compilação de informações sobre cada bacia, facilitando o planejamento sobre captação, abastecimento, distribuição, despejo e tratamento da água, otimizando obras de infra-estrutura e o uso do dinheiro público. Desse modo, tornam-se um instrumento para a elaboração de políticas públicas integradas para gestão dos recursos hídricos.
Espécies endêmicas ameaçadas de extinção
É possível que muitas espécies tenham sido extintas sem mesmo terem sido catalogadas. Estima-se que 269 espécies de animais, sendo 88 de
aves,
endêmicas da Mata Atlântica, estão ameaçadas de extinção. Segundo o relatório mais recente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
Ibama, entre essas espécies estão o
muriqui,
mico-leão-dourado,
bugio,entre outros.
Recordes mundiais da Mata Atlântica
A preservação
Foto tirada um dia antes da terraplanagem de uma grande área de Mata Atlântica no litoral sul do Estado de São Paulo divisa com Paraná em 1998, para construção de um grande condomínio de luxo.
Atualmente existem menos de 10% da mata nativa. Existem diversos projetos de recuperação da Mata Atlântica, que esbarram sempre na urbanização e o não planejamento do espaço, principalmente na
região Sudeste. Existem algumas áreas de preservação em alguns trechos em cidades como
São Sebastião (litoral norte de São Paulo). A nível nacional, graças aos inúmeros parques e bosques dentro de seu
perímetro urbano, Curitiba é a cidade brasileira onde a mata atlântica está melhor preservada
[1].
No
Paraná, graças à reação cultural da população, à criação de APAs (
Áreas de Preservação Ambiental), apoiadas por uma legislação rígida e fiscalização intensiva dos cidadãos, aparentemente a derrubada da floresta foi freada e o pequeno remanescente dessa vegetação preserva um alto nível de biodiversidade, das quais estão o
mico-leão-dourado, as
orquídeas e as
bromélias.
Um trabalho coordenado por pesquisadores do Instituto Florestal de
São Paulo mostrou que, neste início de século, a área com vegetação natural em São Paulo aumentou 3,8% (1,2 quilômetro quadrado) em relação à existente há dez anos. O crescimento, ainda tímido, concentrou-se na faixa de Mata Atlântica, o
ecossistema mais extenso do estado.
A
Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como
patrimônio nacional, junto com a
Floresta Amazônica brasileira, a
Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. A derrubada da mata secundária é regulamentada por leis posteriores, já a derrubada da mata primária é proibida.
A Política da Mata Atlântica (Diretrizes para a política de conservação e
desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica), de
1998, contempla a preservação da
biodiversidade, o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais e a recuperação das áreas degradadas.
Há milhares de
ONGs, órgãos governamentais e grupos de cidadãos espalhados pelo país que se empenham na preservação e revegetação da Mata Atlântica. A Rede de ONGs Mata Atlântica tem um projeto de monitoramento participativo, e desenvolveu com o
Instituto Socio-Ambiental um dossiê da Mata, por municípios do domínio original.
Unidades de conservação
No domínio da Mata Atlântica existem 131 unidades de conservação federais, 443 estaduais, 14 municipais e 124 privadas, distribuídas por dezesseis estados, com exceção de
Goiás. Entre elas destacam-se, de norte a sul:
- Parque das Dunas, estadual, Rio Grande do Norte
- Jericoacoara, federal, Ceará
- Chapada do Araripe, Pernambuco, Piauí e Ceará
- Jardim Botânico Benjamim Maranhão, João Pessoa, Paraíba
- Reserva Biológica Guaribas, Mamanguape, Paraíba
- APA da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, Paraíba
- Parque Nacional da Chapada Diamantina, federal, Bahia
- Parque Marinho dos Abrolhos, federal, Bahia
- Parque Estadual do Rio Doce, estadual, Minas Gerais
- Mosteiro Zen Morro da Vargem, municipal, Espírito Santo
- Santuário do Caraça, privada, Minas Gerais
- Serra do Cipó, federal, Minas Gerais
- Serra da Bodoquena, federal, Mato Grosso do Sul
- Parque Estadual dos Três Picos
- Reserva Natural Vale do Rio Doce, Linhares, Espírito Santo
- Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, estadual, Santa Catarina
- Serra dos Órgãos e Parque da Tijuca, federais, e Barra da Tijuca, municipal, Parque Estadual da Serra da Tiririca, Rio de Janeiro
- Parque Municipal da Grota, Mirassol, São Paulo
- Parque do Itatiaia, Minas Gerais e Rio de Janeiro
- Parque do Sabiá,Uberlândia-Minas Gerais
- Serra da Bocaina, Rio de Janeiro e São Paulo
- Serra da Cantareira, São Paulo, São Paulo
- Parque Estadual Morro do Diabo, Teodoro Sampaio, São Paulo
- Serra da Mantiqueira, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo
- APA Petrópolis, Parque Natural Municipal da Taquara, Rio de Janeiro
- Ilha Queimada Pequena e Ilha Queimada Grande, federal, Parque da Cantareira, Parque da Jureia e Ilha Anchieta, estaduais, São Paulo
- Parque Estadual da Serra do Mar, São Paulo
- Parque Iguaçu, federal, Foz do Iguaçu, Paraná
- Ilha do Mel, estadual, Paraná
- Serra Geral, estadual, Rio Grande do Sul
- Parque Nacional da Serra do Itajaí, federal, Santa Catarina
- RPPN Rio das Lontras, Reserva Particular do Patrimônio Natural, Santa Catarina
Importância econômica
Da população brasileira, 70% vive na área de domínio da Mata Atlântica, que mantém as nascentes e
mananciais que abastecem as cidades e comunidades do interior, regula o clima (temperatura, umidade, chuvas) e abriga comunidades tradicionais, incluindo
povos indígenas.
Entre os povos indígenas que vivem no domínio da Mata Atlântica estão os
Wassu,
Pataxó,
Tupiniquim, Gerén,
Guarani,
Krenak, Kaiowa, Nandeva,
Terena,
Kadiweu,
Potiguara,
Kaingang,
guarani M'Bya e
tangang.
Entre os usos econômicos da mata estão as plantas medicinais (a maioria não estudadas), como
espinheira-santa, caixeta, e o
turismo ecológico.